Em
repouso, quase 100% da energia (ATP) necessária para manter as funções
orgânicas é gerada pelo metabolismo aeróbio. Isto resulta em baixa concentrações
sanguíneas de lactato no repouso.
O
consumo de oxigênio é um reflexo da atividade metabólica aeróbia. Em repouso, a
demanda energética total de um indivíduo é relativamente baixa. Por exemplo, um
adulto com 70 kg
consome aproximadamente 0,25
l de oxigênio/minuto, ou seja, um consumo de 3,5mL de
oxigênio por quilo por minuto. O exercício pode aumentar a demanda do corpo por
energia.
Na
transição do repouso ao exercício leve ou moderado, o consumo de oxigênio
aumenta de forma rápida, porém não instantaneamente, pois primeiro o
metabolismo deve adaptar à nova carga imposta.
O
fato de o consumo de oxigênio não aumentar de forma instantânea é devido a
utilização de fontes anaeróbias no início do exercício, contribuindo para a
produção de ATP nesta fase, sustentando o sistema aeróbio onde estiver presente
o déficit de oxigênio, resultando em acúmulo de lactato, depressão de creatina
fosfato e glicogênio. O termo déficit de oxigênio aplica- se ao retardo do
consumo de oxigênio no início do exercício. Após atingir um estado estável, a
demanda de ATP é suprida pelo metabolismo aeróbio.
Observa-
se também que em indivíduos treinados o tempo para atingir o estado estável é
mais curto que em indivíduos não-treinados, pois indivíduos treinados possuem
capacidade aeróbia mais desenvolvida, ou seja, a produção de ATP é ativada mais
cedo no começo do exercício e acarreta em uma menor produção de ácido lático
nos indivíduos treinados em comparação aos não- treinados.
Após
o exercício, o metabolismo permanece elevado por mais tempo. Podemos chamar
este fato de débito de oxigênio ou EPOC . Ele é sempre maior que o déficit de
oxigênio, pois é nesta fase que parte do oxigênio consumido após o exercício é
utilizado para reposição de creatina fosfato no músculo e de oxigênio no sangue
e nos tecidos.
A
capacidade máxima de transporte e utilização de oxigênio durante o exercício é
considerada a medida mais válida de aptidão cardiovascular do indivíduo. Estes
testes geralmente são realizados em esteiras ou bicicletas ergométricas onde o
consumo de oxigênio aumenta em uma função linear à taxa de trabalho até que o
VO2 máximo seja atingido.
À
medida que a intensidade do exercício aumenta, os níveis sanguíneos de ácido
lático também aumentam. Acredita- se que este aumento dos níveis de ácido
lático durante estes testes representa um ponto de aumento da dependência do
metabolismo anaeróbio (glicólise anaeróbia), e se dá por falta de oxigênio no
músculo, resultando em fadiga muscular. Uma outra explicação para a formação de
ácido lático no músculo em atividade está relacionada à lactato desidrogenase
(LDH), que catalisa a conversão de piruvato em lactato. A LDH
encontra- se em fibras rápidas e apresenta maior afinidade pela ligação ao
piruvato, promovendo a formação de lactato.
À
medida que a intensidade do exercício aumenta, mais fibras rápidas serão
recrutadas, e com isto pode acarretar em um aumento da produção de ácido lático
e, consequentemente , ser responsável pelo limiar de lactato.
Outra
explicação para o limiar de lactato pode estar relacionada à velocidade de
remoção do ácido lático do sangue durante o exercício. Em qualquer momento
durante o exercício, alguns músculos estão produzindo ácido lático e o
liberando no sangue, e alguns tecidos (fígado, coração, etc.) o estão
removendo.
O
limiar de lactato tem utilidades práticas, como na predição do desempenho e na
indicação da intensidade do treinamento.
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